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REAÇÃO NO CONGRESSO: Beijo gay em novela desperta a ira dos parlamentares da Frente Parlamentar Evangélica

Written By Unknown on sábado, 21 de março de 2015 | 19:05

Deputados e senadores de frente parlamentar pedem a evangélicos para não assistirem novela que mostra relação homoafetiva entre duas mulheres idosas, mas são chamados de oportunistas

Personagens de Nathalia Timberg e Fernanda Montenegro se beijaram no primeiro capítulo de Babilônia

O beijo entre as atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg no capítulo de estreia da novela Babilônia, da Rede Globo, despertou a ira dos parlamentares que integram a Frente Parlamentar Evangélica (FPE). Composta por 75 deputados federais e quatro senadores, a Frente divulgou nota de repúdio ao beijo e convocou os cristãos, principalmente os evangélicos, a não assistirem à novela e não consumirem produtos dos anunciantes que patrocinam o folhetim televisivo. “A referida telenovela, assim como outras anteriormente exibidas pela Rede Globo, tem clara intenção de afrontar os cristãos em suas convicções e princípios, querendo trazer, de forma impositiva, para quase toda a sociedade brasileira o modismo denominado por eles de ‘outra forma de amar’, contrariando os costumes, usos e tradições”, sustenta a nota assinada pelo presidente da Frente, o deputado federal e pastor da Assembleia de Deus João Campos (PSDB-GO).

O texto da nota de repúdio entende que cenas como um beijo entre duas atrizes são um dos “constantes estupros morais impostos pela mídia liberal”.

Entre os parlamentares que integram a frente estão nomes de partidos e correntes religiosas como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da Igreja Sara Nossa Terra; a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), da Igreja Presbiteriana; o deputado federal Marco Feliciano (PR-SP), da Assembleia de Deus; o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) da Igreja Batista, e os senadores Marcelo Crivela (PRB-RJ, Igreja Universal) e Magno Malta (PR-ES, Igreja Batista).

Cinco deputados federais mineiros fazem parte da FPE e referendam o conteúdo assinado pelo presidente da Frente, que diz ainda a respeito do beijo: “Essa é a forma encontrada para disseminar a ideologia de gênero, atacando diretamente a família natural e aqueles que eles denominam de ‘conservadores’, pelo simples fato de não coadunarem com estas práticas”. Os parlamentares mineiros na FDE são Lincoln Portela (PR, Igreja Batista), Leonardo Quintão (PMDB, Igreja Presbiteriana), Weliton Prado (PT, Igreja Batista), Setefane Aguiar (PSB, Igreja Quadrangular) e o ministro dos Esportes, George Hilton (PRB, Igreja Universal).

Fundamentalistas

O deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ) publicou em seu perfil em uma rede social uma análise da nota de repúdio da FPE. Willys questionou a legitimidade dos integrantes da FPE para falar em nome da família brasileira. “Quando eles tentam ressignificar ‘a moralidade’ como se fosse uma questão relativa à sexualidade humana, é porque não tem outra moralidade da qual possam falar, não é? São cínicos e oportunistas (afinal, polarizar com o produto campeão de audiência rende algum holofote a essas mariposas escuras e assustadoras em sua ignorância e/ou má fé)”, escreveu o deputado do PSOL.

Para Willys, o ódio de quem ele classifica como “fundamentalistas religiosos” tem das novelas é “uma prova da eficácia destas na educação informal dos brasileiros”. E completa: “Num período de trevas políticas, com o Congresso tomado majoritariamente por conservadores, reacionários e fanáticos, a telenovela pode ser (e, no caso de Babilônia, está sendo) mais um espaço de resistência cultural e política”.

Já o senador Magno Malta escreveu em seu perfil na rede social que a novela é “apologia do mal” e conclamou seus seguidores a não assistirem. O deputado federal Marco Feliciano publicou uma passagem bíblica para dizer o que pensa a respeito do beijo entre as atrizes. “E clamou fortemente com grande voz, dizendo: “Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável”, escreveu em seu perfil, citando o capítulo 18 do livro do Apocalipse. Segundo o Ministério da Justiça, para classificação indicativa de programas de televisão, filmes e outras obras culturais, não há diferenciação entre cenas de beijos de pessoas de sexos diferentes.
Novela discute amor e tolerância, diz autor

O novelista João Ximenes Braga, que divide a autoria de Babilônia, no horário nobre (21h) da TV Globo, com Gilberto Braga e Ricardo Linhares, preferiu não comentar a nota de repúdio que a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional divulgou, depois da estreia da novela, na qual as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, casadas na trama, se beijaram, no primeiro capítulo, na segunda-feira passada.

“Não tenho o que falar”, afirmou Ximenes Braga, salientando que a trama de Estela e Teresa vai além de um ou mais beijos. “O que vamos discutir, de maneira profunda, é a tolerância, a diversidade e o amor. Como vimos, aliás, na cena do segundo capítulo entre a personagem Teresa e a diretora da escola do filho das duas.” Segundo o autor, as duas personagens formam um casal sólido. “Estão juntas há mais de três décadas. Situações de carinho entre elas, portanto, são absolutamente naturais.”

A afirmação do novelista encontra eco nas declarações de Fernanda Montenegro, divulgadas no site da novela, a respeito das cenas íntimas de sua personagem. “As cenas não são só para passar tempo, cada cena chegou plena de realização e proposta de história. É lógico que sempre tem alguém que não gosta, mas faz parte. A cena de encontro amoroso entre a Nathalia e eu foi feita sem grandes preparativos. É um casal de 40 anos, e os carinhos vêm naturalmente, com emoção e troca de experiência de vida e também de ajuda mútua.”

Com o argumento de que a novela acabou de estrear, Ximenes Braga não quis falar a respeito do futuro de Estela e Teresa nem responder se os autores cogitam mudar o rumo da trama, caso as reações negativas do público sejam intensas. “Estamos começando a apresentar as tramas, os núcleos, os personagens. Tem gente que nem entrou no ar ainda”, afirmou. 

(Ailton Magioli)

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