Ariano ‘assombra’ elites
Por Lúcio Villar
Espantosa constatação: em 2015, oitenta anos após os fatídicos episódios que culminaram com o assassínio do presidente João Pessoa, ainda encontra eco – entre nós – sentimentos, rusgas e querelas políticas da velha Parahyba de guerra de 1930.
Salta aos olhos a resistência de determinados setores de nossas elites em barrar qualquer tentativa de, ao menos, discutir, por exemplo, a possibilidade de mudança de nossa bandeira (mix de sangue e luto, de evidente mau gosto), nome da capital etc.
É algo sacralizado, tratado como dogma e os que se insurgem contra essa ‘ordem estabelecida’, sofrem a censura de entidades e ‘notáveis’, prontos para reagir e impedir tais projetos ou intenções de seus autores. Bola da vez, o deputado Jeová Campos, decidiu mexer no vespeiro que reúne ‘viúvas’ de todos os naipes nessa seara de reverência acrítica à figura de João Pessoa (alçado a condição de ‘estadista’ mais em função das circunstâncias de sua morte do que por seu governo propriamente dito).
Pois bem, o parlamentar em questão não quer mudar o nome da capital nem as lúgubres feições da bandeira, mas tão somente acrescentar o nome do dramaturgo Ariano Suassuna ao Palácio da Redenção. Ora, ora, senhores leitores. Ariano nasceu no Palácio da Redenção e sua fantástica obra ganhou o mundo, carimbada pelo selo de autenticidade e originalidade, com personagens e toda uma ambiência paraibana que deveria orgulhar a todos. Seu nome está acima dessas ridículas questiúnculas reativadas por espíritos nada democráticos que se arvoram ‘donos’ da história e que já se manifestaram contra tal proposição.
Pé no chão, o deputado Jeová Campos retirou de pauta o PL que trata de acrescentar o nome do escritor paraibano e vai convocar todos os segmentos culturais interessados em discutir e amadurecer a questão antes de ser votado na Assembleia Legislativa. Eis uma agenda diferenciada que vale participar.
Política Hora 1
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