O
Comando Local de Greve da ADUFCG realizou um levantamento das
informações até agora divulgada pela Reitoria sobre os cortes, mesmo que
muitas sejam parciais, e montou um cenário da crise gerada pelos cortes
já aplicados pelo Governo Federal na UFCG. No dia 06 de agosto, o
reitor Edilson Amorim compareceu ao campus de Cajazeiras para uma
audiência convocada pelo Comando Local de Greve da ADUC e Comando de
Greve Estudantil (CGE) de Cajazeiras. O reitor apresentou que o corte
atinge 10% dos cerca de R$60 milhões em custeio e 50% dos cerca de R$ 40
milhões de investimento, totalizando o valor aproximado de R$26
milhões. Segundo o reitor, caso não haja a reversão dos cortes e
suplementação orçamentária, não será possível pagar as contas de
outubro, novembro e dezembro.
O CLG da ADUFCG enviou uma representação e estudantes do CGE do
campus de Campina Grande. A audiência se iniciou com a cobrança de
informações claras e detalhadas sobre o impacto dos cortes na UFCG.
Além dos cortes, há atraso nos repasses. Segundo o Reitor Edilson
Amorim, na gestão anterior, havia dois repasses por semana, sem atrasos,
“hoje há um repasse por mês e temos que disputar na tapa os recursos do
MEC”. Há uma dívida de R$ 1,6 milhão com a Imprensa oficial, atrasos no
repasse a empresas terceirizadas, às empreiteiras, no pagamento de
fornecedores de combustível, das contas de água, luz e telefone.
CORTES ATINGEM VIGILÂNCIA, ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E PÓS-GRADUAÇÃO.
As verbas de custeio referem-se às despesas rotineiras da
universidade, com água, luz, telefone, combustível, diárias, passagens,
pagamento de terceirizados, bolsas e assistência/permanência estudantil.
Com os cortes, a administração está contingenciando a ampliação de
postos de serviço terceirizados, mantendo a defasagem que leva à
sobrecarga dos atuais trabalhadores e desvio de função. Há postos de
vigilância recém inaugurados inutilizados por falta de pessoal.
Apesar de a reitoria repetir que garantirá 100% da assistência
estudantil existente, assume que não corrigirá as insuficiências. Havia
um planejamento de equiparar em 2015 o valor de todas as bolsas, o que
não será cumprindo, prejudicando os estudantes que continuarão a ter de
se virar com valores reconhecidamente insuficientes. “A bolsa de
manutenção está muito defasada, é de R$250, se tivéssemos custeio
iríamos equiparar até chegar ao valor do PIBIC (R$400)”, disse o Reitor.
Em relação aos programas como PARFOR e PIBID, o crescimento da
demanda não foi acompanhado pela ampliação de bolsas de 2014 para 2015.
Com o corte de 75% dos recursos do PROAP, a reitoria está retirando
verbas de custeio para garantir a realização de bancas e participação em
eventos. Já foram executados 65% do recurso do PROAP, enquanto apenas
25% dos recursos foram liberados, sem nenhuma garantia ou previsão de
pagamento dos 75% restantes.
UFCG NECESSITA DE 72 OBRAS, MAS NÃO VERBAS.
O corte em investimentos afeta o andamento das obras. Hoje há 25
obras em execução, três estão sob embargo judicial (prédio de petróleo,
de física e centro de extensão 2). Segundo o Reitor, há demanda para 72
novas obras que não poderão ser iniciadas, como o acesso ao biotério e
uma nova residência estudantil no campus de Cajazeiras. Em Pombal, a
Usina necessária ao curso de Engenharia de Alimentos não será
construída. O reitor não informou detalhadamente quais são aos outras 69
obras que não serão iniciadas. Falta também mobiliário, há três
ambientes recém-inaugurados em Cajazeiras sem móveis e o Reitor informa
que não cumprirá o que foi prometido, no início do ano, aos estudantes
quanto ao Serviço-escola de Psicologia.
REUNI DEIXOU CARÊNCIA DE 170 PROFESSORES.
Segundo o reitor, as vagas para docentes e técnico-administrativos
são renovadas em fluxo contínuo. As vagas flutuantes de docentes
pertencem ao centro, mas raramente se deslocam de uma unidade para
outra, pois, segundo o próprio Reitor, “todo mundo já está no limite”.
No último período houve a abertura excepcional de oito vagas novas a
mais para um dos cursos de engenharia no campus de Pombal. Em 2014, a
partir de levantamento em 2012 e 2013 para suprir o déficit de
professores deixado pelo Reuni, a UFCG solicitou ao MEC a ampliação de
170 novas vagas para docentes, o que depende de autorização do MEC e
decreto por parte do governo federal. Hoje há cerca de 20% de
professores substitutos e há 10 vagas para professor visitante. Não
temos informação sobre quanto professores voluntários existem, lembrando
que a resolução 01/2013 da Câmara Superior de Gestão
Administrativo-financeira estabeleceu a figura do professor voluntário
que, em vez de salário recebe uma “honraria acadêmica”. Em junho do
mesmo ano, ante a falta de docentes, foi aberto edital com 24 vagas para
o curso de Enfermagem no CCBS em Campina Grande.
A ADUC denunciou que no campus de Cajazeiras, há vagas de técnicos
que não foram extintas, mas que estão sendo ocupadas por terceirizados, o
que vem acompanhado pelo desvio de função destes trabalhadores.
AMEAÇA DE CONTRATAÇÃO DE DOCENTES TERCEIRIZADOS VIA ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
O reitor Edilson Amorim continua a afirmar: “Nunca ouvi falar no
interior do MEC ou Andifes em contratação via Organizações Sociais”.
Esta ameaça, que em 2014 foi anunciada em fala do presidente da CAPES,
torna-se mais concreta com o julgamento de STF, em abril de 2015,
considerando a lei das OS com constitucional. Exigimos um posicionamento
formal da reitoria condenando esta tentativa de terceirização do
trabalho docente.
DOCENTES QUEREM ASSEMBLEIA UNIVERSITÁRIA PARA DISCUTIR CORTES
O reitor informou que foram compostas duas comissões, uma para rever a
matriz orçamentária e outra com os diretores de centro para redefinir o
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). O resultado das comissões
seria levado ao Colegiado Pleno. O CLG considera que não se trata de
nos adaptarmos aos cortes, mutilando as já precárias condições de estudo
e trabalho, mas sim fortalecermos o movimento contra os cortes, o que
hoje significa o fortalecimento da greve. Por isso exige que após o fim
da greve, seja feita a convocatória da Assembleia Geral Universitária,
com estudantes, professores e técnicos-administrativos, a comunidade
defina medidas para exigir do governo federal a reversão dos cortes e
suplementação orçamentária necessária.
REITORIA ATUA CONTRA GREVE
Na audiência, o Reitor Edilson Amorim classificou como “ambígua” a
postura do Colegiado Pleno de aprovar uma moção de apoio e não suspender
o calendário. O movimento respondeu que esta foi a postura defendida
pela administração central, contando com o voto do próprio Reitor. A
administração insiste em convocar reuniões das câmaras, desconsiderando a
greve das três categorias, uma vez que a falta dos integrantes é
passível de punição ou prejuízo ao não se interferir nas decisões
tomadas. O desrespeito mais recente foi a circular enviada pela
Pró-reitoria de Ensino (PRE) cobrando dos coordenadores o quadro de
disciplinas para a matrícula no semestre letivo seguinte. Trata-se de
uma violação do direito de greve, pois implica necessariamente na
realização de reuniões para formar o quadro de disciplinas. O Reitor se
mostrou surpreso e comprometeu-se publicamente a orientar a PRE a
suspender as matrículas, porém, até o momento não houve suspensão da
orientação da PRE.
Foi cobrado que o reitor apresente estas informações oficialmente,
posicione-se contra os cortes e a ameaça de contratação de professores
terceirizados, via Organizações Sociais. Ademais, o movimento exigiu
resposta às reivindicações das pautas locais dos estudantes, técnicos e
docentes.
ADUF
0 comentários:
Postar um comentário
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do Blog 'Política hora 1... !'