Um segredo familiar. É assim que muitos encaram o abuso sexual contra crianças e adolescentes. Por medo ou vergonha, muitas vítimas e familiares não procuram as autoridades. Os danos, dependendo da situação, podem ser irreversíveis. Para incentivar as denúncias, algumas iniciativas desenvolvidas na Paraíba ganham destaque no cenário nacional. Uma delas é o projeto ‘Justiça para te ouvir’, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB), criado há três anos.
Em um ônibus estruturado com sala de audiência e profissionais capacitados, o projeto itinerante percorre municípios do interior do Estado com o objetivo de ouvir os medos e angústias de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados. Dentre essas violações, está o abuso sexual.
O juiz da Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, Adhailton Lacet, explicou que as escutas especiais ajudam a criança e o adolescente ter segurança para contar casos de abuso sexual até então mantidos em segredo. Durante a chamada ‘entrevista sem dano’, as vítimas podem ser encaminhadas para tratamento psicológico. Os profissionais também podem recomendar a inclusão da família da vítima em programas assistenciais.
Nesse atendimento, segundo o juiz, é importante assegurar à criança que ela fez muito bem em contar o que ocorreu com ela. Geralmente, a vítima se sente culpada por revelar o ‘segredo de família’ ou tem medo que a família a castigue, segundo o juiz, lembrando que o objetivo principal do projeto é garantir os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Jornal da Paraíba
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