Diz o comentarista Ricardo Boechat, “O Brasil é o país da bandalheira, basta olhar os relatórios de qualquer contrato de prestação de serviços desde a construção da mais simples obra a maior obra feita e contratada pelo estado Brasileiro, seja no Governo do PT, do PSDB, do Sarney, da Ditadura Militar, seja na construção de Brasília ou em qualquer outra época da história brasileira”. Ao ouvir uma declaração desta enquanto tomo café da manhã vendo o “ Café com Jornal” da rede Bandeirantes logo vem a mente o fato de que se o Brasil é o país da bandalheira, e não tem como negar isso, é também o país que nunca colocou a educação como prioridade. A corrupção e a crise moral da sociedade brasileira é tão grande quanto é a falta de respeito pela e educação e daqueles que a fazem.
Os estudiosos da educação brasileira já fizeram muitos esforços para entender as razões que levam os governantes no Brasil a ter tamanho descaso com a educação. Foram muitas as reformas já feitas no campo da Educação, desde Pombal, as reformas empreendidas pela ditadura; desde Getúlio Vargas a Darcy Ribeiro, muitas questões foram mudadas na educação, entretanto, uma questão permanece fora de plano e fora de lugar – a valorização do professor, – e quanto mais se universalizou a educação no Brasil, mais se desvalorizou a formação e a remuneração daqueles que fazem acontecer a educação em sala de aula.
Em tempos mais recentes a luta contra a ditadura militar mobilizou diversos intelectuais e praticamente todos os estudos recentes que temos atualmente ainda é produto e fruto do trabalho de tais estudiosos. Demerval Saviani, José Carlos Libâneo e outros se destacaram ao defender a gestão democrática na escola e um tipo de pedagogia que se preocupasse com a emancipação dos menos favorecidos ou de como chamavam “classe trabalhadora”. Entretanto, tais educadores foram eclipsados pelos educadores do PT, Partido dos Trabalhadores, sobretudo Paulo Freire, Marilena Chauí dentre outros, que transformou a teoria pedagógica em instrumento de doutrinação e tentativa de criar via partido e pela perspectiva marxista um novo modelo de sociedade.
Tais disputas resvalaram na construção da nova Lei de Diretrizes e Bases, atualmente me vigor a lei 9394/96, e a tornou uma lei “ampla e flexível”, ou seja, uma lei que a tudo permitia e de certa forma criava um monstro no meio educacional. As grandes conquistas desta lei foram a Gestão democrática na Escola, busca de universalização do Ensino Fundamental e médio, luta pela erradicação do analfabetismo, mudanças nas formas de descentralização do repasse de verbas com o Fundef ( Fundação do desenvolvimento da Educação Básica) e o Fundeb; e recentemente com a regularização da mesma, a criação dos planos nacionais de Educação e o Piso nacional da Educação Básica. Entretanto, com tantas emendas, muitas contraditórias a lei se tornou um monstro que aos poucos vai se tornando letra morta e deixando de ser cumprida, principalmente na questão da formação e valorização do professor.
A universalização da educação foi então seguida pela queda da qualidade do ensino público. Na verdade, o que houve foi um afastamento das classes médias e altas da escola pública e esta passou a servir apenas aos menos favorecidos ou a classe trabalhadora. Um ensino de péssima qualidade, com professores extremamente mal pagos – no ensino superior esta situação é invertida, a classe trabalhadora tem acesso a uma educação de péssima qualidade oferecida pela rede privada de ensino. Esta situação criou uma multidão de diplomados analfabetos, sem nenhuma ética ou moral e que buscam a todo preço conquistar espaço na sociedade por meio da esperteza e da malandragem.
Não é preciso mais que isso para que possamos dizer que o Brasil pode ser definido sim, como o país da bandalheira, mas também pode ser muito bem definido como pais dos “Sem Educação”. É falta de uma educação de qualidade, com professores valorizados, uma proposta pedagógica libertária e fundada, não na construção e busca do poder por parte de um grupo ou segmento da sociedade como propõe o PT, mas uma educação verdadeiramente humanista que busque o bem comum, a valorização da coletividade e convivência pacífica entre os diferentes; que faz do Brasil o país da corrupção. Sem querer transformar a educação em uma panaceia, podemos dizer que chegou a hora de colocar a educação como prioridade, ou perderemos nosso futuro como nação.
(Nelson Soares dos Santos, Professor Universitário)
Com adaptações de fotos por Politica Hora 1
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